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VORTEX - SEM SOMBRA DE PECADO! FOTOGRAFIA DE JOÃO CRAVO CASTELA
Há um momento em que a luz se ensambla, embutida através da
técnica fotográfica, e se transforma em arte. Ora, técnica é técnica;
ensamblagem é arte ou contribui para a arte e a ensamblagem vive
da técnica, logo, não há arte sem técnica, mas técnica sem arte é
um acto ditatorial!
Félix Nadar (1820-1910) foi um dos grandes provocadores da arte fotográfica.
Os seus retratos eram o seu Panteão, o seu templo; o seu estúdio era o seu
laboratório.
Charles Beaudelaire não acreditava na fotografia como arte
– Toma lá: um retrato esborratado!
Nadar quer ironizar a diferença entre o olhar e o ver
– Toma lá: a actriz Marie Laurent fotografada de costas!
Percebe-se, assim, perfeitamente, a ligação de Nadar à Pandilha Impressionista
e não é de estranhar, então, o ter sido no seu “Laboratório”, no boulevard des
Capucines, que se realizou a primeira exposição impressionista, em 1874.
Aqui se deu outro momento importante na assemblagem da luz!
Ora, a fotografia não é apenas uma técnica, é uma técnica (techné, prática)
cheia de significado. Foto-grafar é desenhar com luz (assim a constitui
Herschel em 1839). Convenhamos que este “título”, confere todo um
significado ao resultado, daquilo que seria um mero apertar de um botão.
É talvez por demais repetitivo, mas não deixa de ser verdade: é a ligação
entre o cérebro, o olho e a mão… e a luz, acrescento ainda…
Assim o gesto é o início e o fim de um caminho, mas em uma obra aberta,
como todas as obras de arte o são!